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  • Foto do escritor Ayrton Rochedo Ferreira

Em tempos de sustentabilidade a fórmula é: Rio + 20 = O Outro.

Se quisermos pensar mais vinte anos à frente, teremos que incluir “o outro” em nossas preocupações.

O planeta existirá daqui a 20, 200, 2 mil, 20 mil ou 200 mil anos.

Quanto a nós? Nada podemos afirmar.

O planeta não morrerá, embora possa interditar a vida humana na sua superfície.

Para o planeta, tudo é uma questão de química, orgânica e inorgânica. 1 milhão de anos é nada no tempo cósmico e nesse “segundo” universal, o planeta terá se refeito, inteiramente, algumas vezes.

Já a humanidade, quem poderá garantir?

O saco plástico, o material contaminante, o lixo radioativo não fará nenhum mal ao planeta, porquanto tudo é química e como química permanecerá. Mas faz mal a nós. Nos rouba o oxigênio, nos infecciona de bactérias e vírus e nos fere de morte com raios ultra-violeta.

É a vida do outro que está em jogo, quando a minha indústria lança quantidades exageradas de CO2 na atmosfera. São os pulmões do outro que não suportarão tal mistura; já o planeta, transformará tudo em cadeias de carbono.

Deve ser pelo outro, por amor ao outro, que não me permito jogar lixo ao chão, recuso-me a poluir rios, evito desperdiçar água. Porque o “outro” precisa disso muito mais que o planeta.

Portanto, proteger o planeta só tem sentido na perspectiva de proteger “o outro” que o habita.

Enquanto “o outro” não assumir o primeiro lugar em nossas preocupações, não será o verde do planeta que nos ensinará a viver em comunidade.

Trocar o cuidado com o próximo pelo cuidado com o planeta, talvez seja mais um viés sintomático de nossa grave doença social: a ausência de altruísmo.

Enquanto o cuidado com o próximo implica em dar espaço, dividir, compartilhar, o cuidado com o planeta pode limitar-se a um exercício meramente intelectual, cujo objeto de atenção (a Terra) não nos sujeita à demandas e julgamentos. Afinal, a natureza não demanda, nem julga (embora reaja implacavelmente).

A sustentabilidade é, talvez, o conceito mais virtuoso e grandioso construído pela combinação da inteligência e da sensibilidade humanas. Só não pode tornar-se um conceito reflexo, que nos atinja por circunstância indireta: seremos melhores se cuidarmos bem do planeta.

Seremos melhores se cuidarmos bem do outro, objeto inquestionável de nossa responsabilidade. No seio dessa virtude a casa estará sempre bem arrumada.

É fácil e original freqüentar cúpulas ambientais. Já, priorizar o próximo é muito difícil em um planeta onde a ambição lembra muito mais selva do que terra.


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