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  • Foto do escritor Ayrton Rochedo Ferreira

O compromisso da ação social.



É muito apropriado pensar no compromisso que têm os agentes e entidades promotores da ação social para com a sociedade e a cidadania. Afinal, por mais bem intencionado e generoso que o gesto possa parecer, ele pode produzir efeitos danosos para a sociedade, se considerados em escala. É uma questão de efeito sistêmico, onde a eficiência da parte só se legitima se não prejudicar a eficácia do todo.

No caso, o “todo” é a cidadania, que representa o nível de consciência com que as pessoas lidam com seus direitos e deveres para atuarem na sociedade em que vivem. Ela é alcançada pelo exercício de ações que reduzem a dependência unilateral entre os indivíduos e estimulam sua emancipação, crescimento e prosperidade.

A cidadania não é dada, mas conquistada e sustentada pelos que assumem compromissos com seus deveres, reconhecem a interdependência como prova de saúde do tecido social, toleram as diferenças e exigem, de forma implacável, os direitos estabelecidos.

A cidadania não é um adjetivo, mas atributo substantivo que mede a qualidade de uma sociedade.

Já a ação social é a “parte”, que engloba o conjunto de iniciativas destinadas a assistir pessoas e comunidades menos favorecidas para mitigar as diferenças numa determinada sociedade.

Estas iniciativas poderão se constituir em dádivas ou em possibilidades, dependendo da intenção de quem as promova e de quem delas se beneficie.

Serão dádivas, se bastarem-se como gratuidades, criando dependência nos seus beneficiários, tal como o vício que reclama a renovada satisfação experimentada. A dádiva alimenta o “coitadismo” e acorrenta o coitado ao seu benfeitor. A ação social “dádiva” pode ser eficiente, mas aniquila a consciência cidadã.

Serão possibilidades, se trouxerem aos favorecidos condições para reações de mudança que os libertem da situação precária em que se encontram e criem neles o compromisso de sustentarem as novas condições oferecidas, sem dependência da ação social que os cerca. A ação social “possibilidade”, promove, desenvolve e é eficaz para a cidadania.

Assim, a Ação Social pode alavancar a cidadania ou contribuir para o seu aniquilamento dependendo de como ela é concebida e com que intenção ela é colocada em prática.

Para ser eficaz, ela deve ser altruísta, por excelência, não devendo existir nenhuma intenção implícita do beneficiário que não seja a mesma razão explícita que se oferece ao beneficiado: promovê-lo ou resgatá-lo ao nível de cidadão.


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