ARTIGOS
A DAMA E O CHAPELEIRO
Ayrton Sérgio Rochedo Ferreira
Conta-se que há muito tempo atrás, um homem, dono de uma pequena fábrica de chapéus, recebeu uma encomenda de uma jovem dama da sociedade.
- Eu quero ter o chapéu mais bonito, mais elegante e que me faça a mulher mais linda deste condado!
O homem olhou para a sua cliente e vendo que se tratava de uma mulher sem nenhuma beleza, com um rosto de feios traços, apesar de muito fina, pensou:
- Quanta responsabilidade para um só chapéu!
Consciente do seu desafio, o chapeleiro começou um árduo trabalho: desenhar, escolher material, preparar o molde e moldar o que deveria ser um chapéu milagroso. Terminado o trabalho, foi à casa da jovem dama, imaginando o resultado: Nunca fiz um chapéu tão bonito... E para um rosto tão feio! Como conseguirei satisfazer a minha cliente?
Quando a jovem dama o recebeu, o chapeleiro foi logo dizendo:
- Senhora, este é o meu melhor produto. Nunca de minhas mãos, saiu um chapéu feito com tanto esmero.
Espero que goste.
A dama colocou o chapéu e antes que se olhasse no espelho o chapeleiro percebeu que não adiantara muito tanto esforço. Por mais bonito que fosse o chapéu ornamentava um feio rosto e isto não podia ser mudado. Sua cliente, no entanto, ajeitou cuidadosamente o chapéu, prendeu-o aos cabelos, examinou o efeito de todos os lados e depois se voltou para o chapeleiro sorrindo:
- Muito bem, ótimo trabalho. Quanto lhe devo?
O homem ficou boquiaberto:
- Senhora, nem sei quanto lhe cobrar! Fico feliz em vê-la satisfeita com o meu trabalho.
- “O trabalho está ótimo”, disse ela removendo um bonito véu negro que caia com leveza da aba de veludo verde, sobre o seu rosto.
“Vejo que você entendeu minha necessidade. O chapéu faz com que eu me sinta muito bem.”